O certo, o errado, e todo o resto.

O que vale a pena ao ver a vida passando por você é perceber a quantidade de coisas interessantes que pode-se descobrir sobre si mesmo, por exemplo: como se acaba descobrindo que para você acordar de bom humor são necessárias 7h de sono? Ou que trabalhar depois de um porre de cerveja é totalmente diferente de trabalhar depois de um porre de vodka? Quem diria que editar fotos ao som de Beethoven poderia ser tão bom? Ou que, bem, ainda existem as horas em que é preciso colocar algo como Anberlin ou Audioslave no player, para se espantar alguns velhos demônios. Mas o que há de graça na vida, se não esses mesmos demônios e as guerras internas que eles provocam dentro de nós?
Ficamos duelando durante anos, como se fossemos conhecedores de algum tipo de razão insana, buscando respostas que se encaixam no termo “politicamente correto”. Mas e os desejos que os próprios pecados nos provocam? Seriam eles tão errados assim?
Essa é outra coisa que os anos ensinam. Porque, sabe, é realmente bonito quando você está lá, na pré-escola, e alguém lhe diz pra não roubar o lanche de um colega, porque roubar é errado e tudo mais. Mas então os anos passam, e você já não é mais tão puro assim, e percebe que mesmo sendo teoricamente um erro, muitas pessoas já lhe roubaram coisas demais: lhe tomaram o coração e te assaltaram a alma, te deixando fadigado de idéias e corrompido de medo. Há também, aquelas que te roubaram e que você espera que roubem mais vezes: mais sorrisos, mais abraços, mais madrugadas frias, mais segredos, mais carinhos de final de noite, mais nostalgia.
Essa idade toda que você acumula com o passar dos anos realmente não deve ser medida em números, e quem o faz é idiota. Quero ver contar a idade real que você tem quando vê um bebê sorrir ao apertar sua mão, quero ver você mentir pra si mesmo que não se sente com 15 anos quando vê ela descendo as escadas e sorrindo pra você, como se fosse o “primeiro dia do resto de sua vida…”.
Há teorias furadas e garrafas vazias por todos os anos que acabei de fazer, mas há também a certeza de que olhar trocado e sorriso furado nenhum vai me tirar: eu sou aqui, e agora. E cada instante que passa, é uma parte de mim que morre e se perde. Ficar parado me aniquila aos poucos, e o imutável é a palavra que mais me dá medo. Sou aqui, agora, e todas as vezes que eu quiser mudar e não ser mais nada do que fui – sou o que fizeram de mim, em cada vírgula e com cada vogal. Mas sempre, o que eu mesma fiz para que isso acontecesse.

Parabéns atrasado, Ana.